Separados há três meses, o reencontro do guarda municipal Donizete Oliveira e do cachorro Pingo foi um capítulo marcante na história do Centro de Prevenção e Recuperação de Animais Domésticos (Cepread), em Blumenau. O relato é do diretor de Bem Estar Animal, Eliomar Russi, que acompanhou desde o resgate e das feiras de adoção que o cãozinho, até então chamado de Rex, participou até a volta para casa, no bairro Fortaleza, na última terça-feira.
Nascido em Itajaí, Pingo foi entregue aos cuidados do guarda municipal Oliveira ainda filhote, há 11 anos. Prometido como Pinscher, o cãozinho, que mais tarde se tornaria blumenauense, era na verdade um vira-lata simpático. Já em Blumenau, Pingo foi deixado aos cuidados da ex-mulher de Oliveira no bairro Fortaleza. Acostumado a andar sem guia, Pingo desapareceu em março. Oliveira conta que durante dias buscou pelo animal de estimação:
— Fomos até a Rua da Coca, pedimos para os vizinhos, mas nada de ele aparecer. Ele dava as escapadas dele, mas sempre voltava.
O guarda não sabia, mas o pequeno Pingo tinha andando mais de seis quilômetros desde a Rua Francisco Vahldieck, na Fortaleza, até a Rua 7 de Setembro, no Centro, quando foi atropelado. Resgatado pela equipe do Centro de Prevenção e Recuperação de Animais Domésticos (Cepread) no dia 23 de abril, o cachorro se recuperou e, apesar de ter ficado manco, estava pronto para ser adotado.
— Era até uma situação triste, pois esperávamos que ele fosse adotado logo, mas não aconteceu — lembra o diretor de Bem Estar Animal.
O destino de Pingo estava prestes a mudar e, o que era para ser uma simples visita dos guardas ao Cepread, terminou em um reencontro emocionante quando o cão reconheceu o dono.
— Foi o Pingo que me encontrou e não eu que encontrei o Pingo. Eu nem esperava mais achar ele vivo depois de tanto tempo. Pensei que ele tinha ido para o céu dos cachorros — conta Oliveira.
Enfermeiro do Cepread, Jovaldo Silveira conta que os cães prontos para adoção são soltos quando alguém vem visitar o centro. Segundo ele, a tática serve para acalmar os animais e mostrar para as pessoas que eles são sociáveis:
— Quando o Oliveira entrou no corredor das baias, o Rex, que na verdade é o Pingo, ficou enlouquecido. Nunca tinha visto ele daquele jeito. Foi quando o Oliveira reconheceu ele e o Pingo teve um final feliz.
Oliveira, que também é dono de outra cachorra, garantiu que de agora em diante o Pingo não vai mais sair sozinho.